terça-feira, 28 de abril de 2009

Mercado Português-uma perversa mensagem



Tenho muito respeito pelo gosto de cada um.
Mas faz-me um pouco de impressão esta “nova moda”, que oiço com frequência, de estar na moda a procura de “cavalos castanhos”.
Não é pelo facto da cor dominante dos nossos cavalos Lusitanos ser o Ruço e não o Castanho. Também produzimos cavalos cruzados e nesses, o castanho é mais frequente.
O que me faz impressão, é as pessoas darem a prioridade à cor de um cavalo, na sua escolha.
Um cavalo é muito mais do que um simples animal de estimação que exibimos com orgulho.
Também respeito esses, mas há todos os outros, que gostam de utilizar os seus cavalos, nesta ou naquela funcionalidade de lazer, de espectáculo ou de desporto.
Estes, deverão sempre dar prioridade à funcionalidade do cavalo…às suas aptidões para esta ou aquela actividade.
O que me faz confusão, não é o gosto das pessoas, mas sim a tendência que se está a generalizar de fazer confundir, o cavalo castanho = cavalo bom.
Todos os que têm alguma cultura equestre e alguma experiência hípica sabem que esta confusão, não é verdadeira e não tem nada de lógica.
Sem querer ofender quem quer que seja, ela é apenas sinónimo de ignorância.
Infelizmente muitas modas em Portugal, derivam precisamente desta ignorância ou então de interesses de alguns, que se julgam mais espertos.
Em cada raça de cavalos, podemos encontrar parâmetros genéricos de morfologia e de aptidão, que dão vocações e funcionalidades para que estão mais indicados.
Também aqui teremos de ter cuidados na apreciação e não ser demasiado radicais, pois já vimos muitas excepções pela negativa e pela positiva. No entanto, para determinadas funcionalidades obviamente que se deverá procurar cavalos dentro das raças que foram seleccionadas particularmente para essa função.
Não passa pela cabeça de ninguém, procurar outra raça que não seja o Puro Sangue Inglês, se pretende entrar no mundo das corridas de cavalos. Mas nesse mundo tão competitivo ninguém lhe passa pela cabeça comprar um cavalo, dando prioridade à cor da pelagem e não à sua ascendência ou resultados.
Para quem gosta de cavalos, para quem gosta de montar a cavalo, para quem procura ser competitivo a cavalo, há muitos outros factores que contam muito mais do que a cor na escolha de um cavalo. Admito porém como lógico e normal, que se junte o útil ao agradável, ou seja, que à funcionalidade do cavalo se junte o seu gosto pessoal.
Quando me dizem… gostaria de ter um cavalo bom, mas castanho, já não me transmite qualquer impressão negativa.
Entre a “funcionalidade” e a “beleza” eu optaria sempre pela primeira.
Mas para mim, a cor, não é nunca o principal factor de apreciação da sua beleza.
Se todos os produtores de cavalos lusitanos resolvessem agora seguir esta nova tendência de mercado ( cavalo castanho), o património genético seria totalmente adulterado ao ponto de se poder considerar que a genuinidade da raça estaria irremediavelmente perdida.
Produzir cavalos é procurar produzir qualidade na funcionalidade, tanto melhor se objectivar também beleza.
Milton era ruço, era lindo e foi enorme…Caramulo era castanho, horrível e foi enorme.
O mesmo se poderia dizer de Ferrolho e de Herói.

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